Durante a defesa de Mafeking, Lord Edward Cecil, chefe do meu estado-maior, teve a ideia de empregar os meninos da cidade como mensageiros e ajudantes e assim liberar os soldados disponíveis para guarnecer as trincheiras. | |
Os rapazes foram agrupados num corpo especial sob o comando
de um deles, o cabo Goodyear, e cumpriram seus deveres
satisfatoriamente, com grande coragem, mesmo sob o fogo inimigo.
Seu trabalho consciencioso abriu meus olhos para o fato de
que, dando-se responsabilidade a meninos e confiando-se neles é
possível contar com eles como se fossem homens. Essa foi uma importante lição para mim. Em 1904, como resultado desses indícios, fiz um plano para formação de rapazes, que seguia de perto o programa dos exploradores militares. Em 1905 fui convidado por Sir William Smith para inspecionar a Brigada de Meninos em Glascow, no seu vigésimo primeiro aniversário de fundação. Quando vi aquela esplêndida reunião de seis mil rapazes e me contaram a enorme penetração da organização, meus olhos se abriram para ainda outra característica dos rapazes. Em outras palavras, que se seu interesse for captado eles virão aos milhares, entusiástica e voluntariamente, receber formação. Percebi também que centenas de adultos estavam prontos a sacrificar tempo e energia para auxiliar e formar esses rapazes. Era um fato que nenhuma teoria poderia prever. Quando Sir William me disse que tinha nem mais nem menos do que cinquenta e quatro mil rapazes na Brigada, felicitei-o pelo magnífico resultado de seu trabalho; mas pensando bem, não pude me furtar a tentação de lhe dizer que, considerando-se o número de rapazes existentes na Inglaterra, em vinte anos deveria haver dez vezes mais nas fileiras, se o programa fosse variado e atraente. Perguntou-me ele como seria possível tornar o programa mais atraente, e contei-lhe então a popularidade do programa escoteiro entre a rapaziada da Cavalaria, e que alguma coisa semelhante poderia ter igualmente atrativo para esses meninos mais moços, enquanto a finalidade do movimento poderia muito bem ser deslocada da guerra para a paz. O desenvolvimento do caráter, da saúde e da energia eram a base do seu programa e essas qualidades são tão necessárias ao soldado, quanto ao cidadão. Concordou Sir William cordialmente com a minha ideia, e sugeriu que eu escrevesse um livro para rapazes semelhante ao “Auxílio ao Escotismo”(Aids to Scouting). De forma que, nas poucas horas vagas que me deixava meu cargo de Inspetor Geral de Cavalaria, comecei a formular minha ideia, pois ali estava um trabalho a minha espera, no qual aquela absurda e detestável notoriedade que eu adquirira em Mafeking poderia dar algum fruto. Por esse tempo, a sorte, ou o destino se preferem — levaram-me até a casa de Sir Arthur Pearson, e lá tive a oportunidade de descobrir sua modesta bondade e simpatia pela infância e juventude, às quais se juntavam um ardente patriotismo. Era justo o homem de que eu precisava e confiei-lhe minhas ideias sobre a formação dos rapazes. Ele encorajou-me muito e ofereceu-me a ajuda de seus auxiliares. Entre esses encontrei Sir Percy Everett, que desde então vem sendo meu braço direito. Antes de publicar o livro projetado resolvi organizar um acampamento onde pudesse constatar a validade das ideias. A Sra. Van Realte colocou à minha disposição sua Ilha de Brownsea, na Baia de Poole, pois eu estava à cata de um lugar isolado para realizar a atividade longe do público e de jornalistas. Contava assim realizar a experiência sem interrupções. Reuni rapazes de todas as classes e origens. Minhas previsões se realizaram e achei que podia, então, publicar o “Escotismo para Rapazes”. Robert Baden-Powell, em "Lições da Escola da Vida" |
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
1º de Agosto - 105 anos do Acampamento do Brownsea e início do Movimento Escoteiro
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