quarta-feira, 13 de junho de 2012

Jogo on-line incentiva ações ecológicas de escoteiros

Fonte: "O Globo"

No início do século XX, o chifre de kudu, espécie de antílope africano, foi usado como berrante por Robert Baden-Powell durante o primeiro acampamento escoteiro da história. Naquela época, o instrumento era tocado pelo fundador do movimento escoteiro para convocar os jovens acampados para as atividades. Mais de 100 anos depois, o movimento escoteiro brasileiro se inspirou no berrante de Baden-Powell para criar o “Kudu - Escoteiros Fazendo Eco”, jogo online que, no clima da Rio+20, também faz um chamado aos jovens do século XXI: por meio de redes sociais, eles devem promover ações ecológicas em suas cidades.
— A ideia era envolver os escoteiros de todos os estados do Brasil nas temáticas da Rio+20 e fazê-los participar dos assuntos, mesmo não estando fisicamente no Rio de Janeiro. O nome "Escoteiros Fazendo Eco" vem justamente por podermos ecoar as ações pelo país e pela questão ecológica do tema — explica Carla Neves, diretora de Relações Institucionais da União dos Escoteiros do Brasil (UEB).
Lançado em abril, o game é dividido em 12 fases. Em cada uma, o jogador deve realizar uma tarefa. As primeiras são bem simples, mas aos poucos, a complexidade vai aumentando. As missões vão desde mudar ações no dia-a-dia em casa, como economizar água no banho, até promover mutirões de limpeza em pontos da cidade.
Até agora, a organização contabiliza cerca de 700 participantes cadastrados. Um número que ainda pode crescer, já que existem quase 1200 grupos escoteiros no país. Para Carla, o balanço tem sido positivo. 
— Estamos muito contentes com a adesão e realização de ações pelos escoteiros de várias partes do Brasil. É gratificante ver jovens e adultos refletindo sobre suas condutas e como elas afetam o meio-ambiente e sua comunidade. Melhor ainda é ver a mudança acontecendo e os resultados surgindo junto à comunidade — analisa Carla.
O estudante de Engenharia Civil Luís Gustavo Ferreira, de 23 anos, começou a jogar em abril deste ano, logo quando o jogo foi lançado. O jovem, integrante do grupo escoteiro Luz e Trabalho, de Valparaíso de Goiás (GO), está na quinta tarefa e criou um blog para divulgar os resultados. Para ele, o jogo tem feito diferença no seu dia-a-dia.
— Depois que comecei a jogar, comecei a observar mais as coisas que faço que podem agredir o meio ambiente. Um exemplo, é que reduzi o uso do carro. Além de economizar na gasolina, reduzi a minha pegada de carbono, a medida de quanto CO² produzimos. Se todos fizessem um mínimo, se tornaria um muito — diz Luís.
Até agora, o projeto mais ambicioso do jovem é transformar um terreno usado como lixão em área de lazer. Luís já fotografou o local e anunciou, no blog, que vai procurar parcerias de arquitetos, topógrafos, moradores e prefeitura para concretizar sua ideia. 

Escoteira de Fortaleza (CE), a advogada Otília Barros, de 28 anos, é uma das jogadoras mais ativas. Ela já cumpriu sete tarefas e se orgulha de ter mobilizado seus amigos e a população em torno de uma das praças da cidade, culminando na revitalização do local. 
— Foi a tarefa mais divertida. Mandei e-mails a todos os meus amigos para cuidarmos da praça do bairro de Edson Queiroz. A comunidade já havia pedido várias vezes o cuidado dessa praça para órgãos públicos, sem surtir efeito. No dia, começamos a ação com pouco mais de cinco escoteiros. Aos poucos, a comunidade do local começou a se mobilizar e em poucas horas já tínhamos 25 pessoas trabalhando na praça — conta Otília.
O trabalho surtiu efeito. De acordo com a escoteira, o mutirão acabou dando visibilidade a um problema antigo e chamou a atenção da prefeitura da Fortaleza, que providenciou os reparos de que a praça precisava, três dias depois da ação.
O reconhecimento também veio dos moradores do local, pelas redes sociais. “Esse dia é uma prova fidedigna que a união faz a força. Registro que ficará marcado para os moradores do Conjunto Cohbem e o Grupo de Escoteiros”, escreveu o morador Tadeu Reis, no Facebook, onde Otília compartilha os resultados das tarefas. “Aquela pracinha fez parte da minha infância e com a iniciativa de vocês pudemos ajeitá-la”, completou Josi Ladislau, outro usuário da rede.
O Kudu ainda não tem data para terminar. Os jogadores mais ativos, como Otília e Gustavo, que se cadastraram assim que o jogo foi lançado, no início de abril, já estão na oitava tarefa, mas a plataforma continua a receber novos participantes. Segundo a UEB, a previsão é que as ações se intensifiquem durante o mês de junho.

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